quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nas melhores cenas de Goya parece que vemos
as pessoas do mundo
no exato momento em que
pela primeira vez elas ganharam o título
de ‘humanidade sofredora’
Tais pessoas se contorcem na página
num verdadeiro acesso
de adversidade
Amontoadas
gemendo com bebês e baionetas
sob um céu de cimento
pela paisagem abstrata de árvores bombardeadas
estátuas decaídas asas bicos de morcegos
patíbulos escorregadios
cadáveres galos carnívoros
monstros finais berrantes todos
da
‘imaginação do desastre’
tão danados de reais
que até parece que ainda existem
E existem mesmo
Só mudou a paisagem



Lawrence Ferlinghetti