segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mundo empoeirado

Uma fábula
aquele que acredita
num mundo empoeirado

finjindo não escutar
a experiência plena

- um cego falando
nenhuma vida
é tão próxima
que não possa ser sentida

a existência
ainda é um barco
no horizonte...

também não posso ver
essa solidão
- como refúgio
que não cura doença alguma

prefiro a verdade
cruel!
a uma fábula reconfortante

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Arquivando

Quero pertencer
a um mundo de cores
ainda irreais
pode ser
talvez lá
onde eu esteja disponível
para toda felicidade
que ainda está por vir

sábado, 3 de dezembro de 2011

O mundo invisível de cada um

Tenho certeza de que só me mantenho viva por causa do mundo invisível onde ninguém pode me alcançar para me ferir e posso fingir que a vida faz sentido mesmo quando não faz. Ali, quando os zumbis do mundo de fora me acossam com seus dedos sujos de sangue, invento a beleza e me reinvento como possibilidade. Alguns olham para dentro e enxergam apenas vísceras. Outros, horizonte.

(Elaine Brum)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

E eu morderei o instante
igual a um pão. Me rendo
a cada rio ou monte,

às árvores, ao hálito
do diamante clárido
que no sereno arpeja.

Mas não me rendo à luta,
ou à dissipada urna,
que a noite faz da lua.

Transmudo-me, oscilante.
Não sou eu mesmo nunca,
nem mesmo eu era antes.


....

Infindável o solo.
É quando quando quando.
Por onde nunca morro.

(Carlos Nejar)