segunda-feira, 1 de novembro de 2010

"A Lista" vazia


Meu sorriso confiável, confidente da razão, vislumbrava a manhã esquecida pelo silêncio conjugado em poesia perdida. O desejo do momento incerto, correspondente ao conforto do abraço perdido, traduziu-se na catástrofe de uma rendição a um vazio. Um sentimento desprovido de caráter, com pretensões destruidoras.

Acompanhado de uma luz imperceptível aos olhos estranhos, fui interpelado por questionamentos incompatíveis com a racionalidade. Buscava respostas, as quais exigiam perguntas além da certeza. A canção ilusória do conforto me trouxe, em pensamentos vagos, a funesta dúvida: o vazio pesa?

Toda reflexão estava condicionada a uma tentativa subjetiva da verdade, natural no caminho que fornece sensibilidade ao tempo. O sentimento sincero do vazio seria o nada, um infinitesimal da existência, em uma dimensão extraordinariamente vasta protegendo algo tão pequeno quanto o invisível ou o extraordinário tentando permear por dimensões diminutas?

Havia dissonância na possibilidade do peso desse vazio! De certo oca e desprovida de coragem. Inundada por desejos incertos, tornando-se lesada pela inquietude da existência.

Confusões geradas pelo nada, manifestando-se pela preponderante manifestação irrefutável do sentimento de perda. Sustentada pelo adjetivo temporal, a beleza da criação impotente, tentei respostas por conjecturas íntimas do banal, natural, e encantador desejo de amar.

Talvez uma tênue diferença entre sentir falta e saudade. Nesta, o presente manifesta-se em suaves lembranças; naquela, é o pretérito que impera intrepidamente em memórias não estáticas, produzidas em projeções desvinculadas de razão. Esta, oculta pelo gesto – não físico - do adeus, impossibilita outra chance para o movimento ordenado da certeza.

Fui convencido que o alcance de uma memória é tão astuta quanto a natural evolução de uma espécie, e nociva semelhante a um veneno incurável criado pela natureza. Como se estivéssemos sendo enganados pela realidade, as dimensões poderiam ser difusas, estar além do convencional. Mas o natural das ações é comandado pelo tempo, o qual se percebe através da inequívoca percepção pungente da liberdade negada por chamas inconscientes.

Fadado ao imprevisível, o olhar estrangeiro disse: “assobia pra sobreviver.” Desejos confusos incapazes de garantir estabilidade a um sentimento, estabelecem o contraste ente a felicidade e tristeza, o qual pode ser manifestado em segundos intensos traduzidos por contradições impuras. A realidade, em oposição, revela a fraqueza que a mentira não foi capaz suprir. O estrangeiro, novamente, desconhece a esperança do sorriso escondido pela mágoa. O não saber - em algumas vezes - é a resposta temporária da necessidade.

O receio de visitar as memórias é uma revelação das fraquezas. Estar distante do movimento fugaz, não corresponder com o desejável pensamento alheio, é tão opressor quanto o silêncio de um retrato estático. Na tentativa de aniquilar a dor manifestada da brutal perda, a lembrança, latente, impetuosamente destrói a estrutura frágil da razão.

Referências distantes mapeadas por segredos confusos e degustado pela dor ácida do desejo improvável que, destruído em expectativas fugazes, compartilha com o fim uma incipiente gesticulação da tentação perdida.

O peso do vazio: um sentimento de inequívoca verdade ou apenas um anexo da vida?

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