me mostre um gesto
no qual eu possa
aproveitar a doença
para esvaziar a saudade
me mostre um gesto
que eu guarde em um lugar
escondido de vozes
mas visível aos olhares
me mostre um gesto
que me permita
agendar no passado
as palavras de sempre
que retribuem sem medo
qualquer sentimento
que mesmo constante
jamais se repete
me mostre um gesto
que me faça ver
um ano em um minuto
e me deixe maravilhado
com 15 segundos
de primavera desejada
me mostre um gesto
de liberdade
sentida nos pés
em uma vontade
de ser feliz
apenas em recomeçar
me mostre um gesto
sem lágrimas deixadas
de estranhos em um telefona
que tecendo liberdade
se esquecem das páginas
compradas em um anúncio fácil
mas vendidas pelo preço da dor
preciso de um gesto
talvez porque o real
não esteja tão ao meu alcance
me mostre um gesto
um gesto que diga
tudo o que não há nome
em nomes que não são estações
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