sábado, 5 de maio de 2012

Arte, poesia e preconceito

"quanto mais poético, mais verdadeiro" -  Novalis

Quando me questiono acerca de qualquer coisa, tento fazer o bom uso de minha razão, e através de evidências, posso criar o conjunto de todo o meu conhecimento (crença verdadeira justificada). Sou cético, e pratico isso cotidianamente.
A arte, por outro lado, não exige nada da razão.
Mesmo que para o processo construtivo de algo uma porcentagem derive de uma ação racional, o processo criativo, e espontâneo, não necessita da razão.

Uma obra de pintura, um quadro, um poema ou letra de música... Gita, do Raul Seixas tem um forte apelo religioso do hinduísmo (Bhagavad-Gitã). É uma das músicas mais belas do saudoso Rausito, e não preciso aceitar o hinduísmo para apreciar a música.

Mais do que isso: "odeio poesia" a pessoa diz; e no dia seguinte, ao escutar o trecho "A letra A tem meu nome" diz "nossa que coisa linda essa frase". Ok, e isso é o que se não poético?
Aliás, a maioria das músicas que gostamos possuem um fundo de arte poética, e, alguns, não reconhecem a contradição que existe quando dizem coisas do tipo "arte e poesia são coisas de viado." Já escutei isso amiúdes. Vou parafrasear um momento semelhante quando li do presidente da Liga Humanista do Brasil (Eli Vieira), e ele respondeu ( embora eu não me recorde exatamente do que se tratava, quero usar a resposta por ele dada na situação): sim, é coisa de viado, e de branco, de pardo, de negro, de umbandista, de religioso, de ateu, de psicodélico, de pessoas de olhos azuis, verdes, etc...(talvez eu tenha ampliado a lista original, que pode, seguramente, seguir infinitamente).
Além de preconceituosa e infeliz, tal tipo de expressão é um dos tipos de rólutos dos mais desprezíveis. Ok, mas "eu não gosto de arte, especialmente poesia." Direito seu, e lutarei junto com você para que tenhas a liberdade de expressar e exercer isso. Por outro lado, em um projeto de sociedade que luta por igualdade social e racial, não poderei ficar calado com tamanho preconceito que perdura nas cabeças de algumas pessoas que não sabem usar a razão, tampouco a emoção.

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